quinta-feira, 10 de junho de 2010
Transcendente toque.
O sino da loja tocou quando entrei ali. Era de tarde. Aproximei-me do balcão pedindo uns pães como de costume. Fui dar o dinheiro ao padeiro. Estava mais um dia trabalhando em minha padaria. Tinha atendido a senhora que acabara de ter uma filha, quando entrou o Doutor. Pediu-me uma dúzia de pães franceses. Dei-lhe o troco. Sai da padaria carregando a sacola de pães pela rua. Havia comprado aqueles pães, pois teríamos um lanche de despedida de um dos médicos que estava para se aposentar. Andando pela calçada dei de cara com uma antiga paciente que fora operar a vesícula, como era uma senhora de idade elevada, abraçou-me gentilmente. Encontrara com o médico que salvou a minha vida, Graças a Deus. Andei, mesmo que não tão rápido como fazia na juventude até a floricultura da viúva que antes fora minha vizinha de outra rua. Cumprimentei-a com um beijo na face. Recebia a visita de uma antiga vizinha. Dei à ela rosas brancas, pois sabia que a agradava imenso. Fechei a floricultura assim que ela saiu para poder tomar um café. No caminho passei em frente a uma igreja. Algo tomou conta de mim e me fez entrar. Chegando até o padre que junto de outros colaboradores arrumavam o altar, beijei-lhe a mão. Estava diante da viúva que meses atrás viera muito abatida procurar-me. Esperava que mais uma vez o pranto se iniciasse, mas obtive confissões de uma mulher cheia de esperança. Assim que ela saiu, continuei a arrumar toda a igreja junto dos colaboradores para os batismos do dia. Mais tarde, chegou a mim a primeira família trazendo a sua criança para o batismo. Joguei a água sobre a cabeça do bebe e toquei-lhe a cabeça abençoando-o. Olhava ao redor uma cena estranha. Uma água gelada na minha cabeça me deixou estremecido! Sacudi as mãos. Senti um pano cobrir minha cabeça e em seguida o abraço de minha mãe. Sorri feliz segurando o rosto dela. Olhava meu pequeno bebe recordado da época que sempre pedia para ser mãe. Olhei para o meu marido e meus familiares. Senti que não cabia em mim de felicidade de poder ter tanta riqueza ao mesmo tempo. Sai da igreja, e logo fomos a casa com parte de nossos familiares e amigos. Minutos após chegarmos a campainha tocou. Era uma amiga de muito tempo. Cumprimentei-a com um sorriso e um abraço. Fazia um tempo que não a via. Surpreendi-me ao notar que era o dia do batismo de seu filho. Conversei rapidamente com ela, e negando seus pedidos de entrar voltei para o carro. Sentia uma profunda inveja. Incontrolável inveja. Dirigi até meu apartamento. Chegando a casa, minha filha escrevia algo em seu caderno pessoal com seus fones de ouvido as alturas. Mirei-a e toquei em seu ombro pedindo para diminuir aquele barulho ensurdecedor. Já estava cansada de morar com ela. Simplesmente não era compreendida. Levantei irritada e sai de casa. Andando apresada desviei de pessoas e obstáculos. Entrei em um parque próximo. Com meus passos firmes e decididos tropecei em uma raíz. Senti meu corpo ser projetado para frente, quando estiquei as mãos para frente e segurei-me numa árvore.
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Há- braços, abraços! É no abraço que o toque ganha compostura, ganha uma concretude um tanto mais consistente. E é no tropeço, no encontro dolorido com a raiz que nos sustenta, que nos projetamos para frente, e nos suportamos nessa árvore
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