quinta-feira, 22 de julho de 2010
Um aviso.
Não creia leitor em nenhuma de minhas tortas palavras, pois elas estarão sempre empreguinadas de desejo. Promoverei sempre imagem distorcida, afim de criar uma realidade para confundí-lo, e muito certamente conseguirei. A partir de agora não tome minhas músicas como inspiração. Não observe meus quadros como se fossem as obras mais belas do mundo. São cacos de imaginação em concretude imperfeita. Se não precisasse não os teria vendido, mas é que hoje em dia tudo se vende. Não leve minhas ideologias a sério. Não me siga como exemplo. É tudo falso. É releitura criativa. É velharia que só você se interessa. Invente seus sonhos, de preferencia não a partir dos meus, pois eles já foram vendidos também. Ignore meus posts no twitter, meus scraps, meus depoimentos, minhas cartas e discursos. Foram leiloados por caras de admiração alheia. Queime meus diplomas, rasguem os meus livros. Foram pagos com orgulho vazio. Destrua minhas fotografias, rabisque meus desenhos, apague os meus vídeos. Midiatizam o que se pode por numa sacola plástica. Delete meus dados pessoais, senhas, números de contas e identidade. Esse não sou eu. Doe meu carro, roupas, cachorro e caneta de estimação. Feche a porta de meu quarto ao sair. Abandone meu corpo num canto qualquer, e minhas esperanças e vontades num infinito abstrato e inacessível. Enrole o tapete persa, vai lhe render algo no futuro. Venda parte de mim se conseguir como fizeram com Galileu. Talvez seja a última coisa que possa vender, antes de qualquer um produrzir outras releituras criativas como as que costumava produzir. Por fim, Esqueça minhas risadas, piadas, meu abraço de despedida, meus votos sinceros. Esqueça a existência de um alguém que já nem tem nome. Caso tenha, de fato, feito isso terá a prova de que nunca me conheceu de verdade, nem prestou atenção em meus avisos como o do início do texto.
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