sábado, 18 de junho de 2011

O Porto


Um dia eu fui para nunca mais voltar. Eu queria ver o que tinha aqui pra comparar com o que tinha lá. Chegando aqui, notei que a diferença era maior do que esperava.Por aqui há velhos, daqueles bem apaixonados e de cabelinhos brancos, barcos de pesca parados num longo rio que atravessa a cidade. Pontes metálicas que ligam o aqui e lá próximo. Os jovens daqui são como de lá. Riem. Bebem. Querem ser o são, jovens. Eu sei que sou o mesmo que uma vez fora de lá, mas somei com um algum que é daqui. Já não sei te dizer bem quem sou. Se sou aquele que vivia nos trópicos, ou se sou o que vive num velho mundo, não sei. Ouço que lá é agora mundo do presente e que aqui o brilho está desaparecendo. Eu não acho. Acho que o lá e cá, apesar de ser num só, não é se parecem tanto assim. Falando em jovens, tenho conhecido alguns por aqui. Um deles me contou ser de outro lá, mas não tão longe quanto eu. Disse-me que de onde vem, há mulheres que dançam com castanholas e touros que correm atrás de multidões. Seu nome não interessa, mas seu olhar sim. Estranho pensar que tem apenas uma semana que cheguei e que já me deparei com tal figura. Cabelos marrons lisos, pele suavemente bronzeada, sorriso branco. Convidou-me para um café, aceitei. Contou-me sobre sua vida inteira, ouvi. Sorriu, eu ri. Notou, escondi. Falou, confirmei. Rimos, abracei. Um dia eu fui pra nunca mais voltar. Eu queria o novo. Ansiava ver além do horizonte da praia das conchas. Cá estou eu. Do outro lado do mundo, mas ainda nele. Em outro abraço, mas com o mesmo saboroso sabor de café na boca. Eu fui para nunca mais voltar.

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