sábado, 7 de setembro de 2013

Aquilo que ela queria falar

A camisa listrada de mangas compridas, o sorrido tímido, o olhar castanho brilhante, mas era o seu jeito doce que mais me encantava. Estranho acaso havia colocado aquele sujeito em meu caminho. Estava lá, tarde da noite, chovia fino, quando por acaso ele passou, mas fora ele quem falou comigo. Aquele encontro iria transformar nossas vidas, que cá entre nós era bem diferentes. De um lado um sonho, do outro uma luta, mas quem disse que a luta não é para sonhadores e que sonhadores não lutam em suas confortáveis nuvens? Os dias passaram num banco de parque, num restaurante, num passeio, e numa varanda a luz da lua. Diante daqueles pares de olhos castanhos um sorriso diferente começava a nascer. Com o sorriso veio o calor e dele brotou o fogo. Os meses passaram e com eles fomos personagens de várias histórias, desde uma aventura ao entrar em uma casa assustadora a um tranquilo passeio numa tarde de sol. Em cada personagem encarnado por si, um novo olhar construía sobre você. Certa vez, gritou. Estava fora de si, mas acalmou. Outra vez, chorou, comigo. E em outra somente me abraçou e se permitiu dizer “Eu te adoro”. Foi quando a ventania fria engasgou minha garganta e remexeu no fogo que ardia. Adorar – Prestar cultuo, Reverenciar, Venerar, Amar muito. Amar. Hoje esses olhos castanhos me encaram e a boca vermelha serena me diz mais uma vez “Eu te adoro”, porém minha boca se prende e não responde de volta. Não por não corresponder, mas por sentir que o fogo de amar é maior do que o de adorar, tão maior que poderia queimá-lo. Sorrio e o abraço. Deixa o tempo fazer a brasa em ti se transformar em fogo para que assim a minha boca possa abrir. Hoje, eu sorrio com os lábios e te abraço pelo pescoço.

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