quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Meta-Morfo-Fase


Estava de volta ao mesmo lugar escuro e barulhento de dois anos atrás. Corredores com espelhos, salões amplos, iluminação multicolorida. Tudo no seu lugar. Desta vez não estava tonto. Não precisava disso, pensei. Aqui e ali, o banal estava presente. Mesmas conversas, olhares e danças sem muita emoção. Óculos escuros escondendo caça e caçador. Nos ombros, bolsas pequenas que guardavam tesouros transcendentais para poucos loucos que gostavam de se aventurar. O que me levava àquele lugar novamente era misto de destino com companhias de longa e média data, e talvez uma necessidade de esquecer um pouco toda a tormenta das últimas semanas. No bar, água. Enferruja. Piada de sempre. O tempo se arrastava, assim como meus pés que tentavam firmar um passo de cada vez entre a multidão. Um verdadeiro carnaval eletrônico. A cada encontro um desvio de foco. A cara investida uma desculpa diferente. Até que uma mancha branca entre tantas outras cores se sobressaiu. Estranho como em situações assim, todas as outras cores perdem a graça e ficamos hipnotizados. Havia algo naquela brancura escondida pela névoa de gelo seco e abraçada por altíssimo som que era distinto e familiar. Pouco a pouco pude ver o branco esfumaçado transformar-se em traços mais nítidos. Foi aí que notei uma boca e depois um sorriso discreto. Não era mancha, era um rosto de gente.

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