segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Trecho De Leitura De Uma Senhora Idosa Que Acreditava Ainda Ter Alguém


É a minha paixão que esta a me matar. É a minha vontade que está a me destruir, a fazer com que todos os sentidos sejam desfeitos. É a minha ânsia do novo que me faz renascer. É a minha esperança que projeta vida no escuro futuro. É fluxo contínuo e independente. É chama. É nada que preenche tudo e faz assim o todo parecer pequeno demais, mas inalcançável para nós que ainda temos os pés na lama. Mais rápido que a brisa que passou, mais invisível que o ar denso. Menos compreensível do que poesias barrocas. É bem assim. Simples, mas sem deixar de ser completo. Direto, mas sem deixar de ser sutil. Tão longe cheguei, neste ponto, que já perdemos o foco. Já não sabemos se falo de mim, de ti ou d'algo que apenas está por aqui/ai. Não interessa o tema mais. Deixe-me descer esta escada para voltar a contar sobre isso. Cuidado com Abigail. Onde deixei meus óculos? Obrigada. De que falávamos? Ah sim! Menos compreensível do que poesias barrocas. Hm. Direto, mas sem deixar de ser sutil. Agora sim. Assim vivia com a garganta seca. Perdido entre vida e morte, entre paixão, vontade, ânsia e esperança. Buscava rimas para completar qualquer texto a fim de trazer o pão para o dia seguinte. Já tinha meus sapatos arranhados pelas pedrinhas que se desprendiam do solo batido. Não preferem tomar o chá agora? Acho que a leitura poderia ficar para outra hora, não acham? Esta bem. Ontem eu trouxe hortelã da casa de Dona Mariana. Apanhei do pé! Podemos bem fazer um bolo de cenoura e colocar o papo em dia. Soube que sua filha está moça feita! Muito bom. Nossa. E foi? Não sabia disso. Vamos à cozinha, sim? Vamos lá.

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