terça-feira, 1 de novembro de 2011

(Re)Contato


A julgar pelo modo como falava parecia ser de fora. Tinha aquele sotaque de espanhol com um português paulistano. Dizia alto como se assim o outro fosse entender melhor. Quando se aproximou de mim, abri espaço para passar. Vai saber para onde foi depois. Eu? Eu fiquei lá. Parado. Olhava o mar e as pessoas a brincar. Eu de terno, eles de roupas de banho. Estava em horário de almoço, mas não tinha fome. Tudo o que queria era apenas me dar uma hora para observar gente vivendo. Queria ficar ali. Inerte. Concentrado no tudo a fim de captar o máximo que minha percepção conseguisse. Desejava sentir a viva em movimento atravessando a mim, a todos, ao todo. Não tenho ideia do que me motivou a buscar tal experiência. Isso pouco importa também. Aos poucos eu me deixava ser, para além de mim, brisa de maresia, poeira de asfalto, quente luz solar, barulho misto indecifrável e mais alguma coisa que não sei dar nome. Era aquilo, naquele momento. Eu e minhas extensões. Pele com ar, com luz, com vida. É. Eu gostava de viver. Respirei fundo. Voltei a mim aos poucos. Era isso. Eu precisava lembrar que gostava é de viver e sentir.

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